Conseguiremos ter o controle de nossos dados novamente? Alguma vez já o tivemos? Para o futurista David Shrier e para a ativista Brittany Kaiser, as respostas começam com um “depende”. Em sessão sobre o tema na sala Future Societies do Web Summit, eles apontaram algumas percepções.

“Temos que nos questionar, sempre, como nossos dados estão sendo usados”, começou Shrier. “A GDPR (lei europeia que regulamenta a proteção de dados) foi o início. O próximo passo é regularmos a inteligência artificial. A IA é uma ferramenta e tanto, mas arriscada se não tivermos uma regulação”, defendeu.

“A inteligência artificial é uma ferramenta e tanto, mas arriscada se não tivermos uma regulação” – David Shrier.

Para Brittany, “precisamos de educação em larga escala, vindo de multinacionais e dos governos. A GDPR foi um ótimo início para a questão da privacidade dos dados. Mas agora temos o desafio de ver as tecnologias que as empresas estão usando”, provocou a fundadora da organização Own Your Data. “Estamos investindo muito tempo no que a GDPR tem feito por nós e nos esquecendo de ver o que as empresas estão fazendo com nossos dados”.

A ativista argumenta que as penalidades para a má utilização dos dados devem ser mais rígidas. “Acredito que um dos grandes problemas atuais é que as empresas estão sendo multadas apenas. E isso não contribui para a proteção dos dados. Não estamos resolvendo o problema. Sou defensora da criminalização severa”.

Educação sobre manipulação de dados

O futurista David Shrier já vê uma ação contrária no mercado das big techs. “Estamos presenciando um movimento interessante, de grandes empresas puxando outras a se responsabilizarem e cuidarem dos dados que manipulam de forma relevante. O que aconteceu com o Facebook é um exemplo. A Apple e o Google também estão se movimentando positivamente nesse sentido”, contou.

De forma geral, os dois concordaram que a capacitação é o caminho para termos mais controle sobre nossos dados. “Precisamos educar os profissionais de tecnologia a desenvolverem tecnologia com responsabilidade e imparcialidade. Assim como precisamos nos interessar mais sobre o assunto”, finalizou Shrier.

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