No palco do Web Summit Rio 2025, dois dos maiores unicórnios brasileiros — iFood e Frete.com — não falaram sobre tecnologia de ponta, nem sobre as rodadas milionárias de investimento que marcaram suas trajetórias. Falaram sobre gente, valor distribuído e inteligência local.

Falaram sobre rede — não como um conceito bonito para pitch de investidor, mas como o que sustenta e acelera o crescimento real de uma empresa.

A Midiaria.com esteve lá, ouvindo de perto os líderes dessas operações, e traduzimos os aprendizados em reflexões práticas que ajudam empresas de todos os portes a pensarem sua estratégia de crescimento com mais profundidade.

Escalar começa no local

Federico Vega, fundador da Frete.com, resumiu de forma simples:

“A receita para o efeito de rede é a falta de dinheiro e a obsessão em gerar valor.”

A Frete.com investiu 200 milhões de dólares para desenvolver sua rede de transporte. Hoje, 80% dos caminhões do Brasil passam por ela. Não porque foi a mais rápida. Mas porque foi a que mais entendeu o território, os atores e os pontos de fricção do setor.

No caso do iFood, Diego Barreto reforçou: o crescimento não veio com grandes saltos, mas com uma construção paciente, bairro a bairro, restaurante por restaurante — até que os efeitos de rede começaram a trabalhar sozinhos.

Ecossistema não é buzzword

Diego foi enfático:

“Pare de mentir sobre ter um ecossistema. Quando você acredita nessa mentira, você para de enxergar o que precisa fazer hoje.”

No iFood, só é considerado ecossistema se todos ganham: restaurante, entregador, consumidor. Segundo ele, o salário médio desses agentes cresceu 6 vezes. Isso não é só dado — é prova de que o sistema funciona. Quando um ecossistema é real, ele se autorregula, evolui e gera valor compartilhado.

Dados operacionais são ouro (e o diferencial é saber prever o futuro)

Enquanto grandes bancos avaliam crédito com base em histórico financeiro, o iFood criou um portfólio de crédito com base em dados operacionais:

• frequência de pedidos

• tempo de entrega

• avaliações

• churn (rotatividade)

“Se o restaurante sair da plataforma, eu viro só mais um banco. O diferencial é antecipar.”

Essa capacidade de prever comportamentos antes que eles aconteçam muda tudo. É ela que transforma plataformas em potências financeiras, sem que o cliente final perceba.

A complexidade do Brasil é uma vantagem — se você souber navegar

Federico Vega compartilhou uma visão contraintuitiva (e genial) sobre o mercado brasileiro:

“A burocracia é seu maior aliado, se você aprender a navegar nela.”

Quando uma empresa chinesa com muito mais dinheiro tentou competir com a Frete.com no Brasil, fracassou. Não entenderam a cultura, o sistema jurídico, os incentivos informais que movem o país.

“Se o Brasil é o rio de Shenzhen, a gente é o crocodilo. Os gigantes são só peixes de fora.”

Na prática? Conhecimento local continua sendo a principal vantagem competitiva de empresas brasileiras diante de players internacionais.

Como saber que sua rede virou rede de verdade?

Você sabe que os efeitos de rede começaram a acontecer quando para de investir tanto… e ainda assim continua crescendo.

“No último trimestre, crescemos 24%, mesmo gastando menos com marketing. É quando você entende que a rede já sustenta seu próprio avanço.”

O que isso tudo tem a ver com você — e com a Midiaria.com

Na Midiaria.com, acompanhamos diariamente empresas que desejam crescer, expandir, escalar. E muitas vezes, a primeira pergunta que fazemos é:

Você está construindo uma rede ou apenas tentando ganhar visibilidade?

Crescimento sustentável não vem de viralizar uma campanha. Vem de gerar valor consistente para todos os pontos da rede: cliente, parceiro, distribuidor, colaborador.

Por isso, nossa proposta é sempre construir com base em dados, cultura local, conteúdo relevante e posicionamento ético. Porque, como vimos no Web Summit Rio 2025, é isso que transforma negócios em plataformas — e plataformas em marcas inabaláveis.