Confira um resumo do evento promovido pela midiaria.com em São Paulo sobre o futuro dos podcasts no Brasil

À medida que os podcasts conquistam cada vez mais ouvintes, os produtores de conteúdo responsáveis por essa onda consolidam um espaço significativo na mídia de massa.

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Se antes era considerada um produto exclusivo do nicho nerd, hoje a podosfera agrega os mais diferentes públicos, e muitas vezes concorre diretamente com os veículos tradicionais: tanto pelo poder de exposição sobre os ouvintes, como pelo potencial mercadológico.

No entanto, mesmo nesse cenário de crescimento expressivo, os profissionais da área ainda precisam lidar com diferentes barreiras que continuam influenciando na popularização do meio. Para debater esses e outros desafios dos podcasters, a quarta edição do midiaria.com meeting reuniu profissionais com diferentes visões sobre esse cenário: Ira Croft, coordenadora de Social Media da Agevole e co-criadora do canal de podcasts Mundo Freak e Ponto G; Caio Corraini, editor dos podcasts Braincast, Mamilos, Tecnocast e sócio do Gugacast e Jogabilidade; Gustavo Lopes, produtor executivo responsável pelos podcasts do Estadão; Pedro Vaz, docente do curso de Rádio, TV e Internet da Universidade Anhembi Morumbi.

Realizado no dia 02 de setembro de 2017 pela midiaria.com, em parceria com a Agência Prótons, o encontro reuniu cerca de 40 participantes – entre estudantes, profissionais atuantes no setor de comunicação, criadores e participantes de podcasts.

A internet não é feita só de texto, vídeo e imagem

“O podcast é a arte da síntese. Ele é feito para tentar agrupar uma série de assuntos e disponibilizar o conteúdo da forma mais fácil, clara e organizada possível”, definiu Gustavo Lopes.

Nesse sentido, a criação deste meio surge das demandas abertas pelas mídias tradicionais, ao mesmo tempo em que caminha alinhada ao seu desenvolvimento. “Os meios de comunicação se fortaleceram entre si. A internet absorveu as principais características dos jornais, revistas, rádio e TV, e isso havia acontecido nas mídias anteriores. Em geral, os podcasts são ouvidos no celular e se consagram como uma opção transmídia”, explicou Pedro Vaz.

Porém, a grande barreira para impactar um público mais abrangente é a complexidade de acesso, que exige dispor (e conhecer) aplicativos agregadores de podcasts, selecionar o feed e baixar o programa de seu interesse. “Os conteúdos estão cada vez mais plurais, com formatos, duração e temas específicos, que certamente atingem diferentes públicos e suas necessidades. O público só precisa saber como ter acesso”, pontuou Caio Corraini.

Nesse aspecto, Corraini enumerou algumas iniciativas que visam encurtar esse caminho. Utilitários como Podcast (programa nativo dos dispositivos IOS), AntennaPod, Podcast Republic e Addict Radio podem ser instalados nos smartphones e exigem apenas uma busca simples, seguida da inclusão do nome do Canal do Podcast. “O que precisamos é abranger o conteúdo para todos, sem restringir especificamente para quem é geek e tem muito conhecimento, como as pessoas acreditam. O YouTuner é uma iniciativa que caminha neste sentido, disponibilizando online diariamente diferentes podcasts e programas em áudio”, complementou.

Essa democratização do acesso tem contribuído com a progressão da mídia. “Um dos principais mitos sobre podcast se refere à crença de que é uma mídia específica para jovens. Pelo contrário: no Estadão recebemos o retorno de várias pessoas acima de 50 anos, com feedbacks e solicitações de novas pautas”, evidenciou Lopes.

“Com a qualidade cada vez melhor e novas abordagens, diferentes públicos são atraídos pelos conteúdos apresentados neste formato. Apesar de reunir temas e abordagens parecidos, os podcasts são diferentes e exclusivos, a partir da abordagem do apresentador”, apontou Ira Croft.

Caminhos para monetização (Apoia-se, Patreon, Padrim)

Visto que o acesso aos podcasts é normalmente gratuito, o produtor que pensa em monetizar sua operação precisa ponderar algumas formas de custear sua atividade. Uma delas é o apadrinhamento, que a partir de iniciativas como Apoia-se, Patreon e Padrim, visam arrecadar o dinheiro de fãs de podcasts para patrocinar um programa.

Para iniciar a monetização do canal, algumas medidas são fundamentais. “Conheça seu público, faça testes no seu programa, mensure e saiba quantificar o que você produz”, recomenda Ira, que estuda diferentes possibilidades diariamente nos seus dois programas.

Outro caminho é a publicidade, que de acordo com a podcaster exige que o produtor defina claramente o público que costuma atingir. “Entender o perfil dos seus seguidores é fundamental para compor um mídia kit completo e desenvolver pautas que satisfaçam as necessidades do ouvinte”, completa.

Porém, o mercado ainda não entende o real potencial dos podcasts como ferramenta publicitária. “Apesar da abordagem amigável, as agências de publicidade não investem nos podcasts, considerando que outras mídias possuem mais visualizações. Esses profissionais ignoram o fato de que quem escuta um programa praticamente se torna amigo do podcaster e confia nas opiniões emitidas, logo a chance de serem influenciados é maior. E isso já tem acontecido com profissionais que atualmente só trabalham nesta área”, apontou Corraini.

Polêmicas

A podosfera precisa lidar ainda com barreiras como o uso de trilhas fiscalizadas pelo ECAD na composição dos áudios. “Cada episódio adota músicas e sons que tenham relação com o tema tratado. Fato é que a proposta de cobrança apresentada pelo ECAD não tem relação com o subsídio financeiro de que os podcasters dispõem, logo eles não conseguem adentrar novas possibilidades de exposição”, argumentou Corraini.

Este cenário desestabilizou uma das parcerias mais esperadas para o universo de podcasts. “A agregação de podcasts no spotify não inclui grandes programas do setor, como NerdCast e Rapadura Cast, que adotam trilhas cinematográficas na composição dos episódios”, completou.

Influência dos Ouvintes

Entender o perfil do ouvinte de cada programa, em geral, é o passo fundamental para o desenvolvimento de podcasts de sucesso. “Além disso, cabe ao podcaster adotar todas as mídias possíveis para divulgar o conteúdo produzido, afinal, unir os veículos é um meio eficaz para garantir a sustentação de todas. Sempre ouvimos que uma mídia vai matar a outra. Mas isso não vai acontecer, desde que o conteúdo se mantenha relevante”, destacou Vaz.

Palavras-chave sobre o atual cenário do podcast no Brasil:

– Profissionalização,

– Mensuração,

– Criatividade,

– Inovação,

– Pluralidade.

Quer saber mais? Acompanhe como foi o evento na íntegra pela transmissão ao vivo disponível na nossa página no facebook.

Fique atento aos próximos encontros do midiaria.com meeting.