Inteligência artificialInteratividadeTendências setembro 23, 2025
IA Generativa no Brasil: uso pessoal avança em relação ao corporativo

A adoção da inteligência artificial generativa (GenAI) está crescendo em ritmo acelerado no mundo inteiro – e o Brasil não fica atrás. De acordo com um estudo recente da Bain & Company, 60% dos brasileiros já utilizaram alguma ferramenta de GenAI, como o ChatGPT, DALL·E, Gemini ou Copilot. Desses, 80% afirmam usar a tecnologia para fins pessoais, e não profissionais.
Esse dado traz à tona uma realidade que muitas empresas ainda ignoram: a IA Generativa já está presente no cotidiano do brasileiro médio. Ela saiu do campo da inovação corporativa e entrou nas casas, celulares e rotinas de milhões de pessoas.
Neste post, vamos explorar o que esse fenômeno revela sobre o cenário da IA Generativa no Brasil, os desafios para as empresas que ainda não a incorporaram, e como os negócios podem se preparar para essa transformação cultural e tecnológica.
O retrato do consumidor brasileiro com GenAI: perfis de uso e comportamento
O estudo da Bain & Company mostra um retrato interessante do consumidor brasileiro: curioso, adaptável e rápido em testar novas tecnologias. Esse apetite por inovação digital não é novo. O Brasil já figura entre os países mais conectados do mundo e tem uma população altamente ativa nas redes sociais, no uso de aplicativos e em experiências digitais.
Com a GenAI, não foi diferente. Aplicativos como ChatGPT e ferramentas de geração de imagem e voz explodiram em popularidade. Mas o que os brasileiros estão fazendo com essas tecnologias?
Principais usos pessoais da GenAI no Brasil:
- Auxílio nos estudos: estudantes de ensino médio e superior usam GenAI para resumos, explicações e até para praticar redações.
- Criação de conteúdo: muitos usuários adotam IA para criar textos para redes sociais, legendas de posts e roteiros para vídeos.
- Apoio na rotina: desde gerar listas de compras até pedir ideias de receitas ou organizar uma viagem.
- Desenvolvimento pessoal: aprendizado de idiomas, leitura de livros clássicos com explicações, simulações de entrevistas.
O ponto central é: a população está encontrando valor real na GenAI em suas vidas pessoais. E o faz de forma espontânea, sem precisar de treinamentos ou estruturas formais. Isso mostra o quanto a tecnologia já é acessível e intuitiva.
O gap entre uso pessoal e corporativo: desafios de adoção nas empresas
Se a GenAI já está nas mãos de milhões de brasileiros, por que tantas empresas continuam “no zero”?
A resposta passa por uma série de fatores:
1. Falta de estratégia clara
Muitas organizações ainda encaram a GenAI como uma curiosidade ou uma moda passageira. Sem uma estratégia estruturada, elas deixam de explorar as oportunidades reais que a tecnologia oferece.
2. Medo de riscos legais e éticos
Questões sobre privacidade de dados, alucinações da IA, direitos autorais e segurança da informação tornam as empresas mais cautelosas – e, muitas vezes, paralisadas.
3. Infraestrutura tecnológica desatualizada
Negócios que ainda operam em sistemas legados ou têm baixa maturidade digital enfrentam dificuldades em integrar ferramentas de GenAI aos seus fluxos operacionais.
4. Resistência cultural
Em muitas empresas, há um temor de que a IA substitua empregos ou torne pessoas “dispensáveis”, o que gera resistência por parte das equipes.
Enquanto isso, os próprios colaboradores usam GenAI por conta própria – muitas vezes sem o conhecimento da organização. Esse fenômeno, conhecido como Shadow AI, é um alerta para os líderes de tecnologia e RH: se a empresa não promove o uso seguro e orientado da GenAI, os funcionários vão usá-la por fora, aumentando os riscos.
Oportunidades para negócios: onde a GenAI pode ser aplicada
Ignorar a IA Generativa já não é mais uma opção. Empresas que não começarem a se mover arriscam perder competitividade rapidamente. Diversas áreas dentro das organizações já podem se beneficiar da IA Generativa no Brasil, com alto potencial de retorno. No atendimento ao cliente, por exemplo, bots baseados em GenAI são capazes de oferecer respostas mais naturais, empáticas e eficazes, além de permitirem uma escalabilidade do serviço sem comprometer a qualidade.
No marketing e na criação de conteúdo, a tecnologia já é utilizada para gerar textos publicitários, desenvolver ideias para campanhas, criar roteiros de vídeo, descrições de produtos e até mesmo design assistido por IA. Em Recursos Humanos, a GenAI pode acelerar processos como a criação de descrições de vagas, triagem de currículos e simulação de entrevistas, aumentando a eficiência e a assertividade das contratações.
No setor jurídico, ferramentas com IA generativa já conseguem interpretar contratos, sugerir cláusulas e gerar resumos jurídicos, sempre com a devida supervisão humana, garantindo responsabilidade no uso. A educação corporativa também se transforma com a IA, por meio de treinamentos personalizados, simulações práticas e assistentes virtuais que apoiam o aprendizado contínuo dos colaboradores.
Por fim, na área de desenvolvimento de produtos e inovação, a GenAI pode ser uma aliada desde a concepção de ideias até a realização de testes de usabilidade e análise de feedback dos usuários, promovendo ciclos mais ágeis e centrados no cliente. Esses exemplos mostram que a adoção da IA Generativa no Brasil não é mais questão de “se”, mas de “quando e como”.
Cultura digital e inovação: como preparar empresas para essa mudança
Adotar GenAI não é apenas uma decisão tecnológica, mas uma transformação cultural. Envolve rever processos, treinar pessoas e mudar a mentalidade da liderança.
Veja algumas recomendações práticas para empresas brasileiras que querem entrar de forma responsável e eficiente no universo da IA Generativa:
1. Eduque toda a organização
Promova workshops, treinamentos e campanhas de comunicação interna para desmistificar a IA e mostrar seu potencial.
2. Comece pequeno, mas comece
Implemente projetos-piloto em áreas que já demonstram abertura ou necessidade, como atendimento ou RH.
3. Crie políticas claras de uso
Estabeleça diretrizes sobre o uso ético, seguro e responsável da IA no ambiente de trabalho. Isso reduz riscos e aumenta a confiança.
4. Envolva o time de tecnologia e compliance desde o início
A GenAI precisa estar integrada às estratégias de TI e seguir normas de segurança, LGPD e outros regulamentos aplicáveis.
5. Estimule a inovação bottom-up
Funcionários da linha de frente podem ter ótimas ideias de como aplicar GenAI nas rotinas do dia a dia. Dê espaço para a experimentação.
Conclusão: o futuro da IA Generativa no Brasil já começou
A estatística da Bain & Company é clara: a IA Generativa já é uma realidade no Brasil, com grande penetração no uso pessoal. A pergunta que as empresas precisam se fazer é: por que estão ficando para trás?
Se os consumidores e colaboradores já utilizam GenAI em suas vidas, as organizações que não acompanharem essa transformação perderão eficiência, relevância e talento.
A GenAI não é uma ferramenta de luxo, é uma alavanca estratégica para inovação, produtividade e competitividade.
O futuro da IA Generativa no Brasil será moldado não apenas pelas tecnologias disponíveis, mas pelas decisões que os líderes tomam hoje. A hora de agir é agora.