DES - Digital Enterprise Show 2022 junho 16, 2022
Como as redes sociais prejudicam a democracia
Nunca antes vivemos em uma época em que mais da metade da população da Terra compartilha mensagens e imagens através dos oceanos e continentes, em tempo real e em centenas de idiomas. Essa conectividade poderia ter melhorado a democracia à medida que entramos no século 21. Mas, como vimos em todas as partes do mundo, a democracia está em perigo. Redes sociais como Facebook, Instagram, Twitter, YouTube, WeChat e TikTok contribuem para uma fratura de atenção que distrai e distancia as pessoas das consequências da política.
Em sua palestra no DES – Digital Enterprise Show 2022, Siva Vaidhyanathan, escritor e professor da Universidade da Virginia, descreveu como as plataformas de mídia social minaram a democracia ao mesmo tempo em que parecem capacitar os cidadãos.
“As mudanças climáticas têm levado milhares de pessoas em situação de vulnerabilidade a perderem suas casas e sua civilidade. Esse é um dos pontos que distanciam cidadãos da democracia porque eles não são vistos”, exemplificou o professor ao falar sobre questões globais que não estão sendo retratadas nas redes sociais como deveriam.
“Não quero dizer que as redes sociais em geral são a causa da falta de democracia, mas elas contribuem para a diminuição da democracia, especialmente o Facebook”, apontou Siva.
Segundo o professor, a maior rede social da atualidade é uma máquina de geração de emoções e seu algoritmo trabalha para despertar reações que engajam as pessoas a interagirem com conteúdos que nos levam a consumir anúncios. “O Facebook privilegia as reações ante as deliberações. E do ponto de vista social, isso é duvidoso para a democracia”, explicou.
Como as redes sociais funcionam
A atual lógica e os algoritmos da maioria das redes sociais têm privilegiado reações – principalmente a conteúdos polêmicos -, que ajudam a impulsionar suas audiências e, consequentemente, os anúncios que sustentam suas operações. Vídeos engraçados e postagens com conteúdo sensível ganham mais visibilidade que as causas sociais de interesse público, acredita o professor. Esta dinâmica perigosa também está presente no YouTube e no Twitter, pontuou Siva.
A aposta do Facebook no metaverso é um sinal de que cada vez mais as plataformas se utilizarão da tecnologia por sua lucratividade e não pelo democracia, acesso e conexão de comunidades globais. “Infelizmente estamos assistindo o pior do ser humano nas redes sociais e isso está sendo potencializado”, alertou Siva.
Mesmo diante desse cenário caótico nas redes sociais, Siva Vaidhyanathan prevê uma movimentação global por uma mudança na política das plataformas e como elas lucram sobre a antidemocracia. “Há solução para que as redes sociais não prejudiquem a democracia. A própria sociedade discutirá novos caminhos”, acredita. “Não quero ser alarmista, mas precisamos discutir esse tema agora para salvarmos nossa sociedade˜.