DES 2024 junho 13, 2024
Colonialismo de dados na África ganha palco no DES 2024

Carme Artigas, co-presidente do Órgão Consultivo de Alto Nível das Nações Unidas sobre Inteligência Artificial, compartilho o palco do DES – Digital Enterprise Show 2024 com Zondwa Mandela, neto de Nelson Mandela e presidente da Fundação Legado Mandela. O assunto não poderia ser outro: colonialismo de dados e acesso às tecnologias emergentes por países africanos.
Artigas iniciou o debate abordando como podemos evitar o “colonialismo de dados”, a fim de contribuir e facilitar o acesso da África aos dados, tecnologias e soluções digitais de IA, “em vez de lhes fornecer soluções de uma forma paternalista”.
Até 2050, o continente terá 25% da população mundial, por isso “é necessário proteger os dados para que isto se torne uma oportunidade”, disse Mandela. O líder mundial expressou que “a tecnologia deve ter um custo adequado para que os habitantes do sul também possam acessá-la”, especialmente na África do Sul onde a taxa de desemprego é de 40%, uma das mais altas do mundo.
É precisamente nisso que trabalha a fundação que lidera, que luta pela igualdade e pelos direitos humanos, e garante que a IA sirva como um agente positivo de transformação no continente africano e seja integrada globalmente, evitando desigualdades. “África representa um enorme mercado para o futuro. Até 2030 queremos criar 775 mil empregos na África do Sul, para os quais o investimento estrangeiro será crucial”, afirmou.
Mandela também se referiu às oportunidades de gerar tecnologia equitativa e inclusiva para o bem-estar social. “Os desenvolvedores têm muitos preconceitos na hora de criar tecnologia, eles usam dados do norte global e não do sul. É preciso mitigar esse viés, enxergar a tecnologia como algo que deve ser inclusivo. Ao mesmo tempo, considerou essencial haver “mais regulação e atenção aos objetivos finais do desenvolvimento tecnológico. Falamos muito em inclusão, mas estamos a criar tecnologias que podem agravar as desigualdades”.
Para impulsionar a integração de soluções tecnológicas e valorizar o talento na África do Sul, Mandela afirmou que “são necessários reeducação e apoio para formar as pessoas em competências sociais e digitais, mas também para incutir o conceito de desenvolvimento pessoal”.