Web Summit Rio 2024 abril 18, 2024
Visões do jornalismo para a era digital
A era digital já transformou radicalmente o panorama midiático, com a ascensão dos meios de comunicação online e o impacto da inteligência artificial (IA) que mudaram a forma como criamos e consumimos meios de comunicação social. Líderes de dois veículos nativos digitais compartilharam visões sobre como o jornalismo precisa se adaptar aos tempos de mudança.
Como entregar conteúdo para o leitor
“Tivemos algumas ondas, como o Facebook. Depois tivemos o Google que gerava tráfego para os veículos de comunicação. A Meta tem se distanciado do jornalismo e o Google tem respondido os usuários diretamente. Esse é um grande desafio a partir de agora. Hoje, o jornalismo precisa ser bom e estar próximo do público. Desta forma teremos as pessoas chegando diretamente aos veículos”, disse Murilo Garavello, diretor de conteúdo do UOL.
“Em 2012, começamos a ficar dependentes de Google porque tudo estava em torno do SEO. Quando iniciamos o Meio em 2016, mudamos nossa lógica de tráfego e resolvemos não colocar um site no ar, mas sim trabalhar com newsletters. A partir desse momento, fomos escalando para outras plataformas como podcast e YouTube. Vemos cada uma dessas plataformas não como geradores de tráfego, mas sim geradores de assinatura – inicialmente gratuita e depois paga”, relatou Pedro Doria, co-founder & editor chefe do Meio.
As pessoas buscam as notícias que querem acreditar?
“Precisamos fazer com que o jornalismo encontre modelos de se financiar e sustente o modelo democrático que queremos. Com a internet, vemos órgãos partidários e políticos transformando redes em veículos, que não apoiam a democracia, mas sim alimentam o que alguns grupos querem ouvir”, defendeu Doria.
“Procuramos colocar jornalistas muito bons e que buscam boas histórias para manter nossa base de assinantes, cumprir nosso papel social e a democracia”, emendou Garavello.
Competição com criadores de conteúdo
“Com a competição que temos hoje, me sinto estimulado a aprender todos os dias como refazer o jornalismo”, Pedro Doria, do Meio.
“Mesmo as redes sociais que criticamos por conta dos algoritmos nos ensinam como trabalhar e buscar proximidade com o leitor. Temos a oportunidade de estar com as pessoas enquanto escutam um podcast e estão lavando louça, assistindo a um vídeo curto e aprendendo algo”, Murilo Garavello, do UOL.
Inteligência artificial e jornalismo
“Vejo a inteligência artificial como uma ferramenta poderosa para nosso trabalho no jornalismo. Elas podem nos ajudar em investigações e coisas que não fazíamos antes”, Garavello.
“Não temos que nos enganar, não. Inteligência artificial é menos emprego para jornalista, sim. Antes tínhamos setoristas que acompanhavam os fatos. Hoje não temos mais dinheiro para isso e estamos dispensando editores de vídeo e outros profissionais”, Pedro Doria, do Meio.