Como esperado, a inteligência artificial deu o tom logo nas primeiras sessões do Web Summit 2023. E não foi somente no discurso da nova CEO, Katherine Maher (veja o texto sobre a abertura do evento aqui). Três especialistas compartilharam suas visões sobre o poder da IA e como devemos nos preparar para um ambiente híbrido, onde a capacidade humana dividirá funções com as aplicações de inteligência artificial.

Cristina Fonseca, da Indico, e Vasco Pedro, da Unbabel, atestaram o que investidores e desenvolvedores já sabem: a inteligência artificial será base para qualquer aplicação da partir de agora. “Nos acostumamos com as recomendações que são feitas por inteligência artificial em nossas redes sociais. Se isso deixar de existir, vamos reclamar”, exemplificou Cristina.

Para Pedro, que desenvolveu uma aplicação que unifica diferentes idiomas por meio da IA, “a inteligência artificial é algo que veremos cada vez mais em nosso dia a dia no trabalho. O ChatGPT é apenas a porta de entrada dessa tecnologia para qualquer pessoa”.

Wikipédia e inteligência artificial generativa

Por falar na ferramenta da Opena AI, o fundador da Wikipédia, Jimmy Wales, trouxe uma visão pragmática sobre o ChatGPT. “Ele é uma ótima ferramenta para explorar assuntos, mas ainda precisamos nos atentar às fontes utilizadas, mesmo na versão 4, que já é uma boa ferramenta”.

Quando questionado sobre como o Wikipédia entende a presença da inteligência artificial generativa, o executivo foi didático. “Já estamos testando algumas interações entre inteligência artificial e o Wikipédia. Por exemplo, temos 10 artigos sobre determinado tema e podemos pedir para a IA buscar declarações de cada um desses artigos e montar uma recomendação de novo texto. Temos consciência da força da comunidade Wikipédia, mas não estamos fechados à inteligência artificial”.

Confiança e inteligência artificial

Os três convidados mencionaram a questão da confiança quando perguntados sobre o desafio da inteligência artificial nos dias de hoje. Wales aproveitou para alfinetar um polêmico executivo ao tratar do assunto. “Fico feliz em ver que as pessoas ainda leem Wikipédia e não apenas os tweets do Elon Musk. Inteligência artificial é uma realidade inegável e estamos trabalhando para que, assim como o Google nos indexa, a IA trabalhe com ética e uma base confiável”.

Cristina Fonseca, assim como Wales, mencionou ainda a ética nas relações entre a inteligência humana e a artificial. “Veremos muita evolução, mas precisamos trabalhar para que essa tecnologia seja utilizada de forma ética”.