O potencial dos podcasts como ferramenta e meio de comunicação não passou despercebido pelos acadêmicos brasileiros. Desde o engajamento individual de professores entusiastas a mudanças significativas nos planos de aula, renomadas faculdades comunicação começam a dar cada vez mais atenção ao tema.

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Na Universidade Anhembi Morumbi, por exemplo, o assunto ganha destaque em pelo menos quatro momentos dentro do programa de aula dos cursos de Rádio, TV e Internet. Os podcasts entram em pauta desde o primeiro semestre, na matéria Introdução ao rádio, no quarto (Direção e produção de mídias sonoras), sexto (Estratégias de programação para rádio e TV) e como opção de formatos para os Trabalhos de Conclusão de Curso – os temidos TCCs. “Alteramos inclusive a nomenclatura de algumas disciplinas, antes exclusivas do meio radiofônico, para agregarmos os podcasts”, explica Renato Tavares, coordenador do curso de Rádio, TV e Internet da Universidade Anhembi Morumbi.

Além da análise sobre a linguagem própria para esse tipo de mídia, o acadêmico explica que a abordagem dos podcasts em sala de aula abrange desde aspectos legais (como a regulamentação de músicas e efeitos sonoros à legislação de direitos autorais) até o potencial comercial dos programas, tanto em relação à monetização como ferramenta de marketing e propaganda. Para Tavares, apesar da ampliação do mercado de trabalho recorrente da crescente popularização desse meio, ainda há lacunas a serem preenchidas nesse sentido. “É preciso aprimorar o modelo de negócios dessa mídia, a exemplo do que vemos nas plataformas de vídeo”, enfatiza.

É preciso aprimorar o modelo de negócios dessa mídia, a exemplo do que vemos nas plataformas de vídeo.

No que se refere à produção acadêmica, Tavares enxerga um crescimento em relevância dos podcasts como fonte de estudo. “Percebo que tem surgido mais artigos científicos abordando o que chamamos de novas plataformas”, afirma.

Porém, essa não é a percepção de Marcelo Abud, professor do curso de Rádio e TV da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP). “Podcast é basicamente uma linguagem radiofônica, e por isso deveria ser abordada por todos os professores especializados nessa mídia. Porém, percebo ainda certa resistência, muito por conta do desconhecimento”, apresenta.

Podcast é basicamente uma linguagem radiofônica, e por isso deveria ser abordada por todos os professores especializados nessa mídia.

O docente aborda o assunto em suas aulas desde 2005, quando se envolveu profissionalmente com a mídia. “Costumo estimular os alunos a criar seus projetos de podcast, pensar na distribuição e nas oportunidades empresariais”, diz.

Ele acredita que essa falta de pleno entendimento sobre esse modelo de mídia não deve ser um impeditivo para sua abordagem, e sugere que seja encarado no ambiente acadêmico como uma via de mão dupla. “Quando falo sobre podcasts, têm alunos que acrescentam demais para minha aula. Por isso, penso que se você não domina, abra espaço”, aconselha.

Saiba mais sobre o universo brasileiro de podcasts na quarta edição midiaria.com meeting, que além de uma etapa presencial – que ocorre em São Paulo no dia 2 de setembro – reúne uma série de conteúdos audiovisuais sobre o tema.