Empresas ao redor do mundo ainda não encontraram a resposta para o desafio do trabalho remoto, mas estão apostando em modelos híbridos para reterem seus talentos e não pararem suas operações. A discussão esteve no palco central da edição 2021 do Web Summit, em Lisboa.

Alex Bouaziz, Co-founder & CEO da Deel, empresa que oferece soluções de pagamento para funcionários terceirizados ao redor do mundo, defende que tudo começa na contratação de profissionais. “Adotamos um modelo em que contratamos pessoas com o mesmo modelo mental em relação ao trabalho, assim podemos estar remotos, mas conectados e engajados nos projetos”.

Mas como seria para aqueles que formaram seus times antes da necessidade do trabalho remoto? Jeff Maggioncalda, CEO da Coursera, aproveitou o período de distanciamento social para conscientizar sua equipe sobre o assunto. “Criamos muito nesse período de trabalho remoto, mas acredito que a produtividade depende muito das atividades e da auto gerência de saber quando o meu trabalho impacta o do outro e a quem estou servindo dentro da organização”.

Já Mada Seghete, Co-founder & VP de Marketing da Branch, acredita que o trabalho remoto veio para ficar, mas não descarta a presencialidade atrelada à tecnologia. “Acredito que a maioria das empresas vai adotar um modelo híbrido, com ferramentas tecnológicas e encontros presenciais que promovam conexão”.

Trabalho remoto, produtividade, salários e liderança

Para os três executivos, a produtividade deve ser perseguida e entendida no trabalho remoto junto aos times. “Há dois tipos de produtividade: aquela que se apresenta em momentos de criação, em que estamos sozinhos, e outra que surge quando estamos em time, engajados em um projeto. É preciso identificar esses momentos”, disse Mada, que também mencionou a questão salarial. Questionada sobre como tem feito para contratar talentos em diferentes localidades e com necessidades financeiras variáveis, a executiva foi sincera.

“Salários e benefícios são um desafio para contratações em diferentes localidades. É preciso pensar em impostos e ser justo com quem se está contratando. Os salários tendem a aumentar num futuro próximo por conta disso”, previu.

“Nos últimos meses tivemos uma queda nos salários e nivelamos as remunerações, mas há uma tendência de alta para os próximos meses”, emendou Maggioncalda.

Com relação à liderança e o trabalho remoto, o CEO da Coursera foi didático. “Gestão é algo mais voltado para as necessidades do time, daquelas 15 pessoas que trabalham no dia a dia. Liderança tem a ver com guiar a organização, dar sentido ao trabalho de todos, seja remotamente ou presencialmente”.

“Sinto que estamos quebrando barreiras com o trabalho remoto e criando novas conexões entre momentos presenciais e remotos”, contribuiu Mada.

Por fim, Jeff Maggioncalda profetiou algo que o mundo já percebeu: “Empresas que não optarem por globalizar seus times não terão o privilégio de serem mais inovadoras”.

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