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Web Summit Rio 2025 abril 30, 2025

Novas mídias, newsfluencers e outras oportunidades para o jornalismo

Kleber Pinto

Escrito por Kleber Pinto

Tempo de leitura 4 min

Novas mídias, newsfluencers e outras oportunidades para o jornalismo

Uma tarde dedicada a discutir a comunicação, o jornalismo e as novas mídias. O Web Summit Rio 2025 trouxe ao palco jornalistas que saíram de sua zona de conforto em busca de sobrevivência em tempos de inteligência artificial e garantia de que sua paixão por comunicar pode se manter viva.

A curadoria reuniu representantes de veículos tradicionais e fundadores de plataformas de notícias nativas digitais. Todas atuando em um cenário dinâmico e incerto.

Como a imprensa sobreviverá com a desconfiança pública?

A confiança geral na mídia vem caindo há décadas. Ela não se refere apenas à forma como a polarização afeta os jornalistas e o público, também diz respeito à navegação em um tsunami de conteúdo digital, que se tornou ainda mais agressivo com o surgimento da IA. O uso de inteligência artificial gera grandes quantidades de conteúdo de notícias, bem como imagens e áudio falsos, e aumenta o desafio para veículos de notícias independentes e baseados em fatos.

Essa discussão reuniu Cristiana Sousa Cruz (editora-chefe do Globo), Jack Nicas (representante no Brasil do The New York Times), e Maria Lorente (Diretor da América do Sul da  agência AFP).

“Como veículos de comunicação responsáveis, devemos usar IA para as tarefas que demandam muito tempo, mas reportar e supervisionar ainda deve estar com o humano”, defendeu Cristiana. “Não há outro caminho, temos que usar a IA com responsabilidade e ganhar tempo para os jornalistas fazerem o que eles têm de melhor: imergir nas histórias, checar, checar e checar”.

Nicas contou que o veículo americano tem capacitado seus profissionais a utilizarem as ferramentas tecnológicas e, “fechado parcerias, como as que fizemos com a Open AI. Assim temos uma troca em que eles aprendem com nossos conteúdos e temos participação no conhecimento gerado”.

Ascensão dos influenciadores de notícias

O conhecimento muitas vezes está atrelado a um nome do jornalismo, o que gera oportunidade para profissionais serem reconhecidos pelas grandes massas que circulam nas plataformas virtuais.

A discussão em torno dos newsfluencers colocou Glenn Greenwald, fundador da System Update, no centro das atenções, demonstrando que profissionais da comunicação também congregam dezenas de centenas de seguidores quando o assunto é de interesse público. “Quando se faz o conteúdo com paixão, as pessoas reconhecem o trabalho e as audiências se formam”, disse o jornalista.

Influenciadores como Greenwald estão remodelando a maneira como as notícias são compartilhadas, consumidas e confiáveis, especialmente entre públicos mais jovens.

Novos tempos, novos players

Jovens também estão tomando a frente de novos veículos de comunicação, como os conhecidos The News e The Summer Hunter. O primeiro, nascido a partir de uma curadoria para uma newsletter enviada para cerca de 230 pessoas (hoje são mais de 2 milhões de assinantes), e o segundo, produzido em nome de uma busca por notícias mais otimistas durante a pandemia, ganharam mercado e atuam no digital e também no impresso em edições especiais.

“Nos últimos anos percebemos que o apetite por notícia não era apenas por texto, mas também por áudio e vídeo”, apontou Hernane Ferreira Jr., fundador e CEO do The News.cc, que adiantou as novidades da plataforma.

Ricardo Moreno, fundador do The Summer Hunter, disse buscar por notícias nos portais mais tradicionais, mas se inspirar em podcasts, newsletters e plataformas nascidas na Era Digital. “Quando você pratica jornalismo, tanto faz se é o reels do Instagram ou a revista Piauí. A prática do jornalismo não muda”.

Moreno elencou três coisas que o jornalismo atual deve entregar para sua audiência: inspiração de maneira que ajude a transformar o dia dela, informação para deixa-la mais inteligente, e serviço de maneira a facilitar a vida.

Poder das comunidades

A história de Junior e Moreno envolve verdadeiras comunidades em torno de interesses comuns. Christian Rôças, fundador e CEO da Flint, tratou do assunto no palco do Web Summit Rio 2025 e foi além. “Tecnologias que organizam o tempo criam pertencimento”, comentou o também jornalista. “De que adiante falar com milhões se não entende o que move a comunidade?”, provocou ao falar sobre seu livro Parem de me interromper. Estratégias de Dcomunicação na era da Distração. Segundo Rôças,  “em um mundo infinito de opções, só se destaca quem transforma conteúdo em experiência”. As comunidades e as novas mídias em torno delas tem demonstrado esse caminho.