Especiaismidiaria.com meeting dezembro 8, 2016
“Só é possível subverter gêneros e formatos televisivos quando se tem pleno domínio sobre sua estrutura.”

Conversamos com o consultor de novos modelos de negócios e inovação em audiovisual José Carlos Aronchi, sobre seu livro Gêneros e Formatos na Televisão Brasileira (Summus Editorial, 2ª edição, R$ 61,70). A obra é reconhecida como única a classificar a produção nacional de programas televisivos em formatos e gêneros distintos, o que a torna obrigatória para os profissionais interessados em desenvolver conteúdos audiovisuais.
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A pesquisa de Aronchi é também tema do novo midiaria.com meeting, que propõe uma verdadeira viagem pelas principais tendências e discussões sobre comunicação e branding, guiadas por uma plataforma de conteúdo que usa e abusa dos diferentes formatos e meios para explorar um tema. Veja abaixo a entrevista exclusiva do autor para nosso blog:
midiaria.com – Qual a importância de entender os formatos e gêneros dos programas televisivos?
José Carlos Aronchi – O formato é a fórmula do sucesso na televisão. Todas as emissoras buscam um modelo “salvador da pátria”, principalmente no começo do ano quando lançam a nova programação. Por isso, existe toda uma indústria voltada a criar e produzir novos tipos de programas, resguardada por leis de direitos autorais. Quando um produtor ou diretor conhece um leque variado de formatos, ele consegue criar novos formatos de técnica, produção, entre outros detalhes. Ou seja: só é possível subverter gêneros e formatos quando se tem pleno domínio sobre sua estrutura.
midiaria.com – Sua obra é considerada a única produzida no Brasil a estabelecer as características dos gêneros e formatos da televisão nacional. Qual a diferença entre a abordagem do seu livro e dos “guias de referência” estrangeiros?
JCA – Para responder essa pergunta é preciso entender as diferenças entre o modelo de produção aqui e lá fora. No Brasil, a produção de programas é muito focada nas emissoras, enquanto no exterior essa atividade é mais pulverizada entre produtoras independentes e criadores de novos formatos, como a Quatro Cabezas (na Argentina) e a Endemol (na Holanda). Por isso, a variação de formatos tende a ser maior no cenário internacional, o que garante uma variedade maior de fontes aos autores comprometidos a desvendar os formatos televisivos de outros países.
No Brasil, a produção de programas é muito focada nas emissoras.
Outra diferença que apresento na 2ª Edição revisada do meu livro é o estabelecimento de oito elementos fundamentais para a classificação dos programas de televisão: As categorias, os gêneros, os formatos, a forma de gravação/transmissão/exibição, a periodicidade, o dia da semana, horário e a classificação indicativa da faixa etária. É necessário entender a fórmula desses oito elementos, divididos em mais de 150 células, para criar formatos inéditos.
Essas células de formatação estão em outro produto, desenvolvido a partir do livro, que é o aplicativo Roda dos Gêneros da Televisão Digital Interativa. Esse aplicativo ganhou o prêmio de melhor inovação para a televisão digital, em 2010, oferecido pela SET – Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão.
midiaria.com – Na sua opinião, qual o nível de discernimento entre os profissionais de televisão sobre os gêneros e formatos da TV brasileira?
JCA – Eu não diria que é uma questão de nível de discernimento, mas de possibilidades de informação. As fontes de pesquisa são poucas, e apenas uma pequena parcela de profissionais e pesquisadores conseguem acesso (e tempo) para explorar mais o assunto.
Além disso, as emissoras nacionais preferem comprar novos formatos lá fora do que criar aqui – já que não estão dispostas a arriscar sua audiência num projeto sem garantias de sucesso. Com isso, gera-se um ritmo intenso na operação que não abre espaço (nem demanda) para entender melhor a fórmula dos programas e, consequentemente, investir, criar e testar formatos inéditos. O que é uma pena, já que contamos no Brasil com diretores e produtores muito criativos.
midiaria.com – O quanto o leitor precisa saber de televisão para aproveitar o livro Gêneros e Formatos na Televisão Brasileira?
JCA – Isso varia bastante: já conversei com alunos de primeiro ano de Rádio e TV que compreenderam perfeitamente a dinâmica de gêneros e formatos, mas também percebi muitas dúvidas no rosto de formandos e professores desse mesmo curso em conversas sobre o assunto.
Porém, acredito que o principal para curtir mesmo (o livro) é ser apaixonado por audiovisual. E não somente no que se refere à televisão: esse conceito de formatos e gêneros se aplica na elaboração de diversos tipos de conteúdo, seja vídeos na internet, linhas editoriais e até podcasts. Essa ideia de categorizar as produções por suas características técnicas é bastante ampla, que aliás fui buscar na Biologia – que separa os seres vivos em famílias, gêneros e espécies.
Para estimular as pesquisas e a criação, posso afirmar que a indústria de formatos para televisão é lucrativa e promissora. Os novos modelos de negócio passam, necessariamente, pela formatação do produto audiovisual, quer seja um programa de televisão, um post no Facebook ou uma produção transmidiática. Por isso, os profissionais precisam entender os conceitos de gêneros e formatos para criar produções inéditas.
A indústria de formatos para televisão é lucrativa e promissora
Quer saber mais sobre o assunto? Embarque conosco no midiaria.com meeting, inscrevendo-se para receber os próximos conteúdos sobre essa discussão. Aproveite também para comprar o livro Gêneros e Formatos na Televisão Brasileira, disponível no site do Grupo Summus.
Sobre o midiaria.com meeting
O midiaria.com meeting é um evento promovido pela midiaria.com e traz especialistas sobre diversos temas relacionados à comunicação e um palestrante convidado com um assunto correlato. Para a edição 2017, o evento contará com a parceria da Summus Editorial, editora do Grupo Summus que tem mais de 40 anos de mercado. Saiba mais sobre essa ação pela cobertura da última edição do encontro.