Especiaismidiaria.com meeting junho 28, 2017
Imprensa tradicional enxerga podcast como oportunidade para conteúdo de nicho
De forma um pouco mais tímida como ocorreu com os blogs, em meados dos anos 2000, a imprensa tradicional dá sinais de ter acordado para os podcasts. Ansiosos por estabelecer uma audiência cativa antes da concorrência, esses veículos apostam na convergência entre os meios convencionais e essa nova mídia, aliado ao comportamento do consumo sob demanda.
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“Não adianta mais esperar que o leitor venha até o site ou jornal para manter-se informado. É preciso ir atrás dele”, explica Luís Fernando Bovo, editor executivo de Conteúdos Digitais do jornal O Estado de S. Paulo.
Desde março o Estadão – portal que agrega todo conteúdo digital do veículo – conta com um canal que reúne hoje 11 programas sobre assuntos variados. “O que oferecemos é uma curadoria de conteúdo. No Estadão Notícia, nosso carro-chefe, mais do que trazer a notícia, nossos colunistas buscam contextualizar o leitor, fazendo-os entender o que aquele fato significa”, argumenta.
Não adianta mais esperar que o leitor venha até o site ou jornal para manter-se informado. É preciso ir atrás dele.
Desde o lançamento até maio deste ano, os podcasts registraram juntos cerca de 180 mil downloads. Para Bovo, o know how proveniente da Rádio Eldorado e o cuidado com o formato são os principais fatores desse sucesso. “Não é só gravar e pôr no ar. É uma mídia que exige o uso da trilha, ritmo e encadeamento da pauta direcionado a seduzir o ouvinte”, evidencia.
No caso do Estadão Notícia, o executivo aponta o The Daily, do jornal americano The New York Times, como principal inspiração. “São sucintos, objetivos e exploram as notícias com mais profundidade”, explica.
O podcast nova-iorquino é uma inspiração também para a Rádio CBN. Apesar de disponibilizar alguns quadros de colunistas nesse formato há algum tempo, desde maio lançou o programa CBN Professional, distribuído exclusivamente pela internet.
“É um formato que exige uma edição mais imersiva. Por isso, como é um programa de entrevista, busco produzir de uma forma que o ouvinte se sinta no meio da conversa”, conta Thiago Barbosa, repórter-âncora da Rádio CBN. O jornalista é um dos responsáveis pela adoção do formato pelo veículo, que vê nesse meio uma oportunidade de apresentar conteúdos para nichos específicos. “No rádio, temos a necessidade de abranger um público mais geral, o que não permite abordar alguns temas de forma mais específica. Já no podcast podemos trabalhar de forma mais segmentada”, explica.
No rádio, temos a necessidade de abranger um público mais geral, o que não permite abordar alguns temas de forma mais específica. Já no podcast podemos trabalhar de forma mais segmentada
Além do formato de entrevista, tanto o Estadão como a CBN enxergam no podcast uma oportunidade de produzir grandes reportagens, mas num segundo momento. “É preciso pensar tanto no formato de apresentação como a operacionalização disso. Não adianta iniciar esse trabalho sem dar continuidade”, defende Bovo. Outra preocupação de ambos está também na monetização. “Acredito que o aumento de audiência nos ajudará a trazer mais anúncios”, afirma Barbosa.
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