Web Summit Rio 2025 abril 30, 2025
O universo da creator economy molda a nova geração de empreendedores brasileiros

O mercado creators no Brasil vive seu melhor momento. Começando pelos gamers.
Somos o Top 10 mundial em receita e o 5º país com mais jogadores no planeta. Mas esses números, por si só, não contam a história. Atrás dos milhões de cliques, visualizações e jogatinas diárias, há trajetórias inspiradoras de pessoas que transformaram o hobby em negócio — e, de quebra, criaram um novo ecossistema cultural e econômico.
A LOUD é uma das maiores organizações de eSports e criação de conteúdo da América Latina, e seu fundador, o Coringa, ou Vitor Augusto, esteve no palco central desta edição do WebSummit. Ele representa o que há de mais emblemático nessa nova geração: o game como ferramenta de transformação pessoal, social e empresarial.
Coringa contou que era mecânico e começou a jogar por diversão. Logo percebeu que ali havia um caminho de futuro. “Foi quando entendi que podia mudar minha vida fazendo o que eu amava.”
Hoje, a LOUD conta com mais de 120 colaboradores e uma atuação que vai muito além dos games. Eles lançaram um energético zero açúcar, voltado para o público gamer, e marcam presença até na Kings League — liga de futebol criada para conectar entretenimento e esporte em uma nova linguagem.
Coringa completa: “O público quer mais do que gameplay. Eles querem conhecer você, sua vida. O game virou lifestyle.”
E essa mentalidade já está moldando outros mercados.
O impacto de uma boa gestão da imagem pessoal
Na Web Summit Rio 2025, o painel “Beyond the feed: Building a personal brand that lasts” trouxe nomes como Hugo Gloss e Jade Picon para falar sobre um ponto-chave: a creator economy virou um mercado de gestão de marca pessoal. Jade resumiu com uma frase certeira: “As pessoas querem se associar ao que você é, em tudo o que você posta.”
Essa virada de chave — do entretenimento como passatempo para o entretenimento como profissão — também esbarra em desafios importantes: saúde mental, equilíbrio entre vida online e offline e, sobretudo, representatividade.
O poder da representatividade na economia criativa
Segundo dados apresentados por Marcelo Zinet, CEO da L’Oreal Brasil, apenas 2% da população negra se sente representada nas plataformas digitais, apesar de 56% dos brasileiros se autodeclararem pretos ou pardos. Ainda assim, 66% dos creators são brancos.
A resposta a isso precisa ser sistêmica — como mostrou o case do programa Beleza Mais Diversa, da L’Oréal, na qual a atriz e empreendedora Thais Araújo, que capacitou creators negros, gerou 200 milhões de visualizações e teve 70% dos participantes contratados por marcas.
Gamer, influencer ou empreendedor, a lógica é a mesma: sem propósito, sem relevância
Bianca Andrade, fundadora da Boca Rosa Company, reforça esse espírito ao falar sobre a nova cara do empreendedorismo latino-americano: “É diverso, coletivo e com propósito.” Ela faz parte de uma geração que entende que o sucesso não é só escalar — é incluir. Não é só faturar — é representar. Não é só falar — é conectar.
Porque, no fim das contas, seja você gamer, influencer ou empreendedor, a lógica é a mesma: quem não tem propósito, perde relevância. Quem não tem comunidade, não cresce. E quem não entende o poder da própria história, não transforma o futuro.
O jogo mudou. E o Brasil está jogando pra valer.