midiaria.com midiaria.com

Mais informações

SP 55 11 2729-8617

contato@midiaria.com

R. Dr. Cândido Espinheira, 560 - Sala 92
Perdizes, São Paulo - SP, 05001-100

shape shape

Web Summit Rio 2025 abril 30, 2025

O Próximo Passo: liderança negra e o futuro da nova economia criativa

Kleber Pinto

Escrito por Kleber Pinto

Tempo de leitura 3 min

O Próximo Passo: liderança negra e o futuro da nova economia criativa

Em um auditório lotado do Web Summit Rio 2025, Adriana Barbosa, fundadora da Feira Preta e CEO da PretaHub, subiu ao palco para provocar uma reflexão urgente: como transformar a diversidade de um discurso em uma mudança real de poder na economia criativa?

“A conversa sobre diversidade está mudando: sai da visibilidade e vai para a propriedade”, declarou Barbosa logo no início da palestra. Ao compartilhar sua trajetória, ela convidou o público a repensar o papel das pessoas negras e de outras populações sub-representadas no ecossistema de negócios e tecnologia, destacando que o desafio atual não é apenas participar, mas liderar.

20 anos de construção de identidade e mercado

Barbosa relembrou que, há duas décadas, a Feira Preta surgiu como uma resposta a um cenário de invisibilidade econômica da população negra no Brasil. “A gente começa a se reconhecer como população negra quando o IBGE bate na nossa porta e pergunta: como é que vocês se autodeclaram?”, afirmou. Ela explicou que a construção de uma identidade negra coletiva caminhou lado a lado com o fortalecimento de um mercado negro de consumo, empreendedorismo e inovação.


O empreendedorismo negro e o lugar de invenção

Segundo a CEO, o empreendedorismo negro tem raízes profundas, que remontam ao pós-abolição, com as mulheres ganhadeiras que sustentavam suas famílias por meio do trabalho autônomo. Hoje, essa tradição ressurge em um novo cenário, marcado pela tecnologia, pelas redes sociais e pelo ativismo digital. “Enquanto se montam políticas públicas, muitas invenções são criadas, sobretudo no campo da tecnologia”, disse ela, apontando a criatividade negra como força estratégica de inovação.

De George Floyd ao backlash corporativo

Adriana também chamou atenção para o que chama de refluxo da diversidade. “A gente saiu do processo de 2020, do George Floyd, com telas pretas e compromissos públicos. Cinco anos depois, tudo isso é colocado em xeque”, afirmou. Ela comentou como o movimento de retrocesso nas ações afirmativas nos EUA — como a decisão da Suprema Corte contra cotas universitárias — influencia diretamente políticas e investimentos no Brasil, principalmente em multinacionais.

O papel da filantropia e o investimento social privado

Em sua fala, Barbosa enfatizou que o campo da filantropia global está sendo desafiado a rever suas agendas. “Pra cada silenciamento, surgem novos gritos e novas soluções”, afirmou, destacando que há um movimento crescente de iniciativas afirmativas que nascem da base, como resposta a um sistema que ainda exclui.

Para além da diversidade performática

Fechando sua fala com potência, Adriana Barbosa ressaltou a urgência de se pensar em regeneração e pluralidade como pilares estruturantes do novo mercado. “Não se trata mais de pensar em diversidade como um diferencial de marca. Estamos falando de redistribuição de poder, de propriedade intelectual, de espaço político e econômico.”

Em suas palavras finais, ela convocou o ecossistema criativo a fomentar um novo ciclo de pertencimento real, protagonismo e soberania para empreendedores negros e periféricos, onde a tecnologia e o acesso ao capital sejam instrumentos de transformação sistêmica.