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20 Anos de YouTube: uma Jornada de Transformação e Democracia Digital

Ao celebrar 20 anos de existência, o YouTube consolida-se como uma das maiores revoluções na forma de consumir e criar conteúdo no mundo. E este foi o assunto da conversa entre Fábio Porchat- artista e fundador da marca Porta dos Fundos – e Patrícia Muratori- diretora do YouTube Latam, com mediação de Givanildo Menezes – diretor de notícias da CNN Brasil.
Um dos grandes marcos dessa trajetória é o modo como a plataforma acreditou nos empreendedores criativos — como o Porta dos Fundos — ainda quando tudo era uma aposta ousada, feita “pela porta dos fundos”, como enfatizou Porchat.
Agora é que são eles – a virada dos vídeos e seus formatos
Patrícia Muratori destaca que a verdadeira virada foi essa mudança de comportamento. Desde o início, a missão do YouTube foi clara: dar voz a todos. A proposta de ser uma plataforma aberta, democrática e acessível se manteve viva ao longo dessas duas décadas. E o mais interessante é perceber como ela une diferentes bases, criadores de múltiplas origens, tribos diversas e gerações distintas.
O Porta dos Fundos é um ótimo exemplo dessa vanguarda. Criado oficialmente em 2012, Fábio Porchat, um dos fundadores, conta que em 2011 o grupo já buscava alternativas para produzir conteúdo sem censura. “Se a gente tivesse uma emissora como o SBT, iríamos pra TV”, diz Porchat. Mas era preciso um espaço onde pudessem falar o que quisessem — e o YouTube estava justamente nascendo como essa possibilidade.
Antes disso, o stand-up comedy, ainda engatinhando no Brasil em 2006 e 2007, encontrou no YouTube um aliado fundamental. “Teatro gravado é ruim. Mas o stand-up talvez seja a única forma teatral que funciona bem em vídeo”, afirma Porchat. “Ninguém entendia direito o que era, mas o YouTube jogou a gente pro mundo”.
A ascensão foi rápida. Porchat relembra que, ao ir ao programa do Jô Soares, parte da audiência não o conhecia — mas o público jovem já o acompanhava pelo YouTube. Desde então, a plataforma deixou de ser apenas um repositório de vídeos engraçados ou amadores e se tornou um verdadeiro ecossistema criativo e econômico, rivalizando até com outras redes sociais e emissoras tradicionais.
Tamanho não é documento – a métrica para vídeos curtos também mudou
Outra transformação importante na plataforma ao longo destes anos foi o tempo dos vídeos. Se antes um vídeo curto tinha quatro minutos, hoje os shorts de aproximadamente 30 segundos dominam. A diretora Patrícia Muratori explica: “Antes você era apenas um criador, agora é um empreendedor criativo. Se tem um canal, tem um negócio. Se tem seguidores, tem uma comunidade, fãs e anunciantes”.
O conceito de TV também se expandiu. Será que a CNN, por exemplo, é uma TV? Patrícia complementa o convite para reflexão, afirmando que TV pode ser onde você escolher o que ver, com controle remoto na mão e autonomia, ou mais do que isso. Ou seja, não é sobre o horário nobre, mas sobre suas escolhas. E isso é muito o YouTube.
Porchat, com seu olhar crítico, reconhece os altos e baixos: “Hoje em dia tem coisa muito boa e coisa muito ruim. É democrático e desesperador. O que é bom fica, mas o que é péssimo também”.Mas, valoriza o YouTube como um grande buscador de conteúdo, comparável ao Google.
O futuro é suas múltiplas experiências visuais
Muratori finaliza com uma reflexão poderosa: “O que a gente precisa como plataforma é estar preparado para as mudanças”. Um dado recente e interessante foi o Campeonato Paulistão, com 65% desse consumo vindo de TVs conectadas no canal CazéTV, o que deixa claro que o jogo mudou — e o futuro passa por múltiplas telas e formatos.
Neste cenário, a mensagem que fica para os criadores é reinvenção. Vídeos curtos, podcasts, programas de viagem, comédia — tudo cabe. Mas para garantir relevância e sustentabilidade, é preciso reconstruir sua história com o olhar no presente e nas novas tecnologias, sem esquecer das raízes.
O YouTube não apenas deu voz — ele deu palco, plateia e poder de escolha. E, nesse palco digital, quem se adapta, permanece. Quem ousa, se destaca.